Pedaços de História

Eng.º Alberto Ferreira da Cunha



INTRODUÇÃO

Há terras que inventam heróis para garantirem a unidade e a identidade do Povo. Há terras que têm personalidades a mais e por todo o lado se multiplicam homenagens e comemorações. Casal Comba, a aldeia milenar não está no lote nem das primeiras, nem das segundas. Infelizmente não é grande o número de pessoas que deixaram uma marca forte que hoje seja digna de registo. Provavelmente porque é terra de gente humilde, de heróis da sobrevivência pelo trabalho para sustento da família.

Mas felizmente não precisamos de importar personalidades dignas de destaque, com mérito. E por isso temos a obrigação de não as esquecer e de elogiar os seus feitos e o bem que fizeram por Casal Comba.

É disto que se trata quando queremos homenagear o Eng.º Alberto Ferreira da Cunha. Elogiar o Homem, o Cidadão. Perpetuar um legado de benfeitoria, de ajuda às pessoas e às famílias, para que não se esqueça quando morrerem os principais beneficiários.

Nasceu numa família ilustre e abastada, nesta terra, há quase 160 anos. Mas podia ter guardado para si e para os seus o seu lucro. Não! Estudou e aumentou o seu património, mas não o escondeu. Partilhou-o! Poderia tê-lo investido para o multiplicar. Mas partilhou-o com os seus conterrâneos.

Percebeu o que faltava aos seus conterrâneos, e proporcionou trabalho a muitas dezenas de famílias. Percebeu que o futuro passava pela Educação dos mais jovens e construiu uma escola que serviu a nossa terra durante mais de meio século. Percebeu que a água era um bem essencial, mas que em Casal Comba o seu acesso era perigoso e não livre de doenças, e por isso comprou terreno, mandou fazer a captação e a ligação da água para um moderno chafariz no centro de Casal Comba. E mandou fazer pias para os animais e lavadouros públicos para garantir higiene e bem-estar.

Terá sido pouco? Mas conhecemos alguém que nos últimos 150 anos tenha feito algo semelhante por todos nós? Gastando do seu bolso? Para entregar aos outros?

Mas Alberto Ferreira da Cunha também foi um grande Homem. Alojou famílias inteiras nas suas casas durante dezenas de anos sem nunca ter cobrado absolutamente nada. Maria José «Velhinha», e as filhas Maria, Idalina, Lurdes e Palmira poderiam testemunhar a sua generosidade. Mas também Maria Santos «‘da Vaca», ou Maria «do Barreiro». Testemunhos que já não estão para lhe dar voz.

Tirou mendigos da rua. Dando-lhes abrigo e comida e nunca se negou pão a ninguém que batesse à porta da Quinta da Lomba. Apoiou mutilados da Primeira Guerra Mundial – como João Soares «Raça» - que tantos de nós também conhecemos.

Em dezembro de 2013 foi produzido um pequeno livro com algumas notas biográficas do Eng.º Alberto Ferreira da Cunha. Recentemente, esse texto foi revisto e aumentado e está aqui disponível para quem quiser conhecer melhor a vida e a obra do mais ilustre casal-combense.


INFÂNCIA

O mês de Março de 1858 vê nascer, ao terceiro dia, em Casal Comba, freguesia e concelho da Mealhada, Alberto de Abreu Ferreira da Cunha. São seus progenitores Faustino Albano Ferreira da Cunha e Maria José de Abreu Machado. A família de Faustino começou por residir na ‘Casa do Balcão’ – atualmente em ruínas, a caminho da Lomba – para mais tarde se transferir para a ‘Casa Amarela’ no atual Largo do Xafariz.

Do registo de batismo – realizado vinte dias após o nascimento – pelo Padre João Lebre de Sousa e Vasconcellos, em Casal Comba, fica a conhecer-se a identidade dos avós de Alberto, e o nome dos seus padrinhos – a tia materna Maria Benedita, de Barcouço, e Manoel Ferreira de Azevedo, da Mealhada.

Os dados de que dispomos asseveram-nos que os Ferreira da Cunha eram, em meados do século XIX, uma abastada família bairradina. Os pais de Alberto – Faustino e Maria José – estão retratados em finas fotografias, em requintado trajar, claro sinal do poder económico e social da altura.

Maria José de Abreu Machado, mãe de Alberto Ferreira da Cunha, era filha do Dr. Manoel Ferreira Machado, natural de Casal Comba, e de Henriqueta Fortunata de Abreu, da vila de Mortágua.

Faustino Albano Ferreira da Cunha, pai de Alberto, será filho de Manoel Luís Gonçalves, natural de Riomau, freguesia de São Pedro de Cerva, no concelho de Ribeira de Pena, atual distrito de Vila Real, e de Michaela Joaquina do Carmo, de Casal Comba. Um dos irmãos de Faustino será Eduardo Abranches Ferreira da Cunha (n. em 2 de julho de 1847), que foi um reputadíssimo jurista português, tendo sido Desembargador no Tribunal da Relação de Luanda (em 1884), Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa (o trigésimo sexto), em 1907, e juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça (1907). Integrou, ainda, o Conselho Disciplinar da Magistratura Judicial (1909). Tendo sido eleito deputado da Nação, pelo círculo de Aveiro, nas legislaturas de 1901-1904 e de 1904. Primos direitos de Alberto, Álvaro Abranches Ferreira da Cunha – filho de Eduardo – viria a ser um reconhecidíssimo repórter fotográfico do jornalismo português, e António Abranches Ferreira da Cunha, advogado, será o primeiro presidente da Câmara Municipal da Mealhada eleito após a implantação da República. De António Abranches Ferreira da Cunha sabemos, ainda, que foi fundador e presidente da Irmandade de Casal Comba.

É possível que a árvore genológica de Alberto Ferreira da Cunha inclua, também, o nome de Ernesto Abranches Ferreira da Cunha (nascido em 1854), distinto militar português, e neto de Dâmaso Ferreira da Cunha, natural de Casal Comba, em finais do século XVIII.

Do casal Faustino e Maria José nascerão pelo menos mais três filhos, Henrique – que viria a ser, como o irmão Alberto, engenheiro e funcionário do Ministério das Obras Públicas –, Júlia, mãe de Henriqueta Amália Ferreira da Cunha Saraiva Marques (mais tarde a proprietária da Quinta de São Miguel, em Casal Comba), e um outro rapaz, José. Alberto Ferreira da Cunha teria muita estima pelas duas sobrinhas, filhas de Júlia – Henriqueta, que não deixou descendentes, e Maria José, que casou com Alexandre Moura –, e delas terá cuidado, depois da morte prematura dos pais. No cemitério de Casal Comba, ao lado do jazigo dos Ferreira da Cunha conseguimos identificar o jazigo de Alexandre Moura e a sepultura de Henrique, irmão de Alberto.

Aos cinco anos, em 16 de julho de 1862, Alberto é matriculado na Escola de Casal Comba, onde faz a sua formação inicial, saindo com indicação “proposto para estudos superiores”.

 

ENGENHEIRO POR TERRAS DO EQUADOR

Da biografia de Alberto de Abreu Ferreira da Cunha sabe-se que se licenciou em engenharia, trabalharia no Ministério das Obras Públicas durante um curto período de tempo, e rumaria à colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe, onde terá dado azo ao seu espírito empreendedor e arrojado. O jornalista mealhadense Adelino Melo, no seu livro “A minha carteira” descreve assim a passagem de Ferreira da Cunha por terras do Equador:

“Alma fortes – Entre os arrojados obreiros do progresso de São Tomé e Príncipe, criando roças agrícolas e alentando o comércio e a indústria, contam-se grandes homens do nosso concelho da Mealhada. Entre esses colonizadores, destaca-se o senhor Alberto Ferreira da Cunha, abastado proprietário de Casal Comba (…). É um velho colono de São Tomé, onde roças que criou e administrou são dignas de serem vistas, pelo progresso da sua cultura, arvoredos e boas edificações, ruas amplas, jardins, bom trato do indígena hospitalidade, etc., como também prestou altos serviços de engenharia. A sua longa vida de São Tomé mostra quanto é forte a sua alma, com músculos de aço.”

Nos finais do século XIX a colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe vivia um período de esplendor económico com a produção de café e cacau – um dos melhores do mundo –, mas de grande tensão política com a ameaça do boicote britânico ao cacau santomense por causa da mão-de-obra escrava que fazia trabalhar as roças. Alberto Ferreira da Cunha terá vivido boa parte destes momentos, de certa maneira imortalizados no romance histórico “Equador”, de Miguel Sousa Tavares.


CIDADÃO E DEFENSOR DOS SEUS

Sabe-se que em 1905 Alberto de Abreu Ferreira da Cunha está de novo na metrópole, em Casal Comba, e no período de janeiro de 1905 a 23 de maio de 1906 ocupa o cargo de Presidente da Câmara Municipal da Mealhada. Não fora vereador até essa altura e não será nos anos seguintes. Quando em janeiro de 1905 assume a presidência da Câmara – e na altura tratava-se mais de um lugar de honra do que propriamente executivo – fá-lo para três anos, no entanto, mais ou menos a meio do período acaba por ser substituído.

Em janeiro de 1918, Alberto de Abreu Ferreira da Cunha voltaria a ser escolhido para exercer o cargo de Presidente da Câmara Municipal da Mealhada. No entanto, apesar de não se conhecer se outros motivos houve para além da grande instabilidade politica nacional logo depois do assassinato do presidente Sidónio Pais, uma Comissão Administrativa tomaria conta do poder municipal e Ferreira da Cunha não terá presidido a mais do que uma reunião da Câmara.

No elogio literário de Adelino Melo, já citado, é referido que Alberto de Abreu Ferreira da Cunha terá sido membro da direção do Sindicato Agrícola e Administrador do Concelho.

Em 1913, por sua iniciativa e às suas custas, é construído um chafariz na sua terra natal. Ferreira da Cunha, para além do chafariz propriamente dito, doa à população e ao município as nascentes “denominadas Fontelas”, mas também os depósitos e as canalizações. Os ecos dos elogios à sua benemerência surgem-nos, acima de tudo, nas palavras do republicano Joaquim da Cruz, nessa altura presidente da Comissão Administrativa que governa o Município da Mealhada. Na reunião de 10 de dezembro de 1913, Joaquim da Cruz declara que participou na cerimónia de inauguração, em 8 de dezembro, e salienta a mais-valia que o novo chafariz constitui para a população de Casal Comba, que até essa altura padecia com as ineficazes condições de salubridade a este nível. “A fonte pública desta povoação é de inferior qualidade e em péssimas condições de captação, tendo sido, até, um foco de infeção”, é dito na referida reunião onde, a Comissão Administrativa exara um elogioso e “unanimemente aprovado” voto de louvor “como testemunho de apreço ao altruísmo” de Alberto Ferreira da Cunha.

O Chafariz mandado fazer por Alberto Ferreira da Cunha abasteceu a povoação de Casal Comba até 1964, altura em que passou a haver água diretamente no domicílio dos habitantes. No entanto, continua a ser daqui que são abastecidos os lavadouros, já com uma canalização substituída pela Junta de Freguesia de Casal Comba.

Informações que não conseguimos confirmar completamente assinalam, ainda, que coube a Alberto Ferreira da Cunha, às suas expensas e vontade, a construção de uma escola primária em Casal Comba. O edifício escolar na sua terra natal terá sido construído no espaço onde hoje está a escola do primeiro ciclo do ensino básico, junto à Igreja Paroquial, e terá sido demolido para a construção da nova escola, que entretanto já ali está desde a década de 1960.

 

BENEMÉRITO

A construção do Chafariz e da Escola seriam obras mais do que suficientes para colocar Alberto Ferreira da Cunha no panteão dos beneméritos do concelho da Mealhada. Mas a verdade é que há mais, muito mais, da obra de Alberto Ferreira da Cunha. Obra material, mas também obra social, de apoio e patrocínio a tantos dos seus conterrâneos.

Antes da construção do Chafariz, também totalmente às suas expensas, fez a aquisição de um terreno, para explorar nascentes de água. Construiu depósitos, abriu rasgos e estendeu, em cerca de 4 mil metros canalização com o objetivo de a conduzir ao centro da aldeia.

 No largo central da nossa terra, como já foi descrito, edificou um chafariz, que permitiu às gentes de Casal Comba e outras, ter acesso a água em condições de higiene e sanitárias que até então era inexistentes, contribuindo assim para sanar ou limitar a propagação de doenças, derivadas da água de uma fonte pública de mergulho (Fonte Velha).

Anexado ao chafariz, edificou uma pia (em pedra com cerca 2,5m por 1 metro) que veio a servir com bebedouro dos animais de trabalho e outros e até para a prática de alguma higiene.

O chafariz, canalizações e nascentes, foram doados à população de Casal Comba, em ato público, na reunião da Câmara Municipal da Mealhada, em 10 de dezembro 1913. Hoje temos dificuldades em avaliar os grandes benefícios que este empreendimento trouxe à população.

Volvidos cerca de 10 anos, volta a edificar mais uma obra, para benefício das gentes da sua terra. Desta vez, na Lavandeira, mandou contruir um tanque com bicas e assim criar os primeiros lavadouros públicos no lugar. A água que abastecia as bicas e os tanques derivavam da fonte pública (Fonte Velha) e foi canalizada em tubo na distância de mil metros.

No aspeto humanitário é sensibilizante a sua ação. A sua casa da Quinta da Lomba, dizem as pessoas vivas que presenciaram, era o ponto de encontro dos mendigos (‘Dr. Caldeira’, ‘Coizito-ou-Não’, entre outros) que vagueavam por esta e por outras aldeias, mas era à porta da cozinha desta casa que se aglomeravam aguardando vez para confortar os seus estômagos. As colaboradoras desta casa tinham ordem para lhes matar a fome com o que houvesse.

Decorria o ano de 1918. Estamos no final da 1ª Guerra Mundial. De Casal Comba sobreviveram ao conflito alguns soldados que tinham combatido na contenda. Estes, de regresso à sua terra, apresentavam mazelas resultantes dos combates, mas com condições que lhe permitiram, juntos dos seus familiares, continuar a ganhar o pão.

O Sr. João Soares (Raça), também ex-combatente, apresentava mutilações impeditivas de exercer qualquer função. A sua família, também modesta, não teve condições para o acolher e sustentar. A situação de total dependência foi ao conhecimento de Alberto Ferreira da Cunha, que providenciou alojamento, alimentação e tratamento condigno na Quinta da Lomba. O Sr. João foi seu hóspede, até reunir condições para enfrentar o trabalho. Posteriormente realizou algumas obras no rés-do-chão da sua anterior residência, que destinou à habitação e ocupação deste “nosso” combatente. Foi ali que muitos o conheceram, respeitaram e ajudaram. E foi dali que saiu o seu corpo, já sem vida, ainda infestado do odor que desconfortava, resultado das lacerações nunca saradas, sofridas em combate.

A anterior habitação de Alberto Ferreira da Cunha, casa senhorial e bem centrada na localidade, sempre serviu para alojar os mais necessitados. Maria José (velhinha) e as suas filhas, D. Maria, Idalina, Lurdes e Palmira, eram uma família que na década de quarenta do século passado, sobrevivia de ajudas e mendicidade, habitava um compartimento térreo sem porta, com telhado roto, onde o mesmo espaço, os mesmos doze metros quadrados, servia de quartos, cozinha, sala. Foram as circunstâncias de vida desta família que levaram o “nosso homenageado” a realizar obras de beneficiação nas traseiras da sua antiga habitação.

Por sua ordem, ali se instalaram e viveram longos anos. A D. Maria José faleceu naquela casa. Suas filhas e alguns netos ali cresceram, até organizarem as suas vidas.

Maria Santos, “da Vaca” ou “do Barreiro”, comerciante de carne de vaca, fazia ao tempo, na década de quarenta, alguns trabalhos, à jorna, na Quinta da Lomba. Era solteira, mas estava noiva e aproximava-se a data do seu casamento. Sem local para residir com o seu futuro marido (Alberto), solicitou ao patrão, um pequeno espaço da sua anterior residência. Um quarto chegava para os alojar nos primeiros tempos de casamento. Mais uma vez Ferreira da Cunha, com o altruísmo que o caracterizava fez a recomendação: “Leva já as chaves de toda a casa e vais prepara-la a teu gosto, para usar e viver com o teu homem, até que queiras”. E foi naquele espaço que o casal viveu largos anos. Ali nasceram os seus primeiros três filhos. Só mudaram de residência quando tiveram condições para ocupar outro espaço, já sua propriedade.

A generalidade das pessoas que conheceram Alberto Ferreira da Cunha retratam-no, sempre, com um sentimento de dívida e um esforço de engrandecimento e gratidão, que chega a ser enternecedor para quem ouve. Albertina Vilela, nascida em 1915, chegou a dizer-nos: «Se houve alguma vez alguém bom e amigo dos necessitados, nenhum foi melhor que Alberto Ferreira da Cunha».


HOMEM DE FAMÍLIA

A escolha do dia 8 de Dezembro para a inauguração do Chafariz poderá, também, não ter sido inocente. A família Ferreira da Cunha demonstrou ter grande devoção à Imaculada Conceição de Maria, cuja solenidade se assinala precisamente nesse dia. Coube durante muitos anos à família Ferreira da Cunha a responsabilidade de zelar e adornar o altar da Nossa Senhora da Conceição na Igreja Paroquial de Casal Comba.

Segundo pudemos apurar, nos alicerces da casa da Quinta da Lomba, como ‘primeira pedra’ terá sido colocada uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Há registos, ainda, de que quando se distraía, Alberto Ferreira da Cunha desenhava – com o pé, no chão, ou em papéis – reflexivamente o algarismo oito, de forma repetida e sistemática.

Em 1905, aos 47 anos, Alberto contraiu matrimónio com Albertina Nogueira da Silva. Albertina, vinte anos mais jovem, era brasileira, natural do Rio de Janeiro, e o jovem casal havia-se conhecido nas Termas de Luso.

Da união, depois de algumas tentativas dolorosamente infrutíferas, nasceram três filhos: Uma das crianças faleceu muito jovem e subsistiram Ruy d’Abreu Ferreira da Cunha e Maria Luísa Nogueira da Silva Ferreira da Cunha.

Aquando do casamento, os esponsais começaram por residir na ‘Casa Amarela’, no Largo do Xafariz. Dessa casa, Alberto jurara um dia, à sua mãe, que construiria uma casa na Lomba, ‘se a vida lhe corresse bem’. Correu bem e as obras da casa nova não terão tardado em começar. Ruy, o primeiro filho, nasceria no Salão de Baile da Casa da Lomba, porque os quartos não estariam ainda completamente acabados. Da casa sublinha-se e guarda-se na memória o revestimento exterior em azulejo verde que marcava a paisagem de maneira indelével.

A família viveria na casa da Quinta da Lomba, e já em idade adulta Ruy Ferreira da Cunha passou a residir na cidade do Porto, na Rua de São Roque da Lameira, onde se instalou como comerciante. Casou-se com Maria Margarida Carvalho Reimão de Serpa Pinto Ferreira da Cunha e da união nasceram duas filhas, Maria Teresa e Maria de Fátima, que ainda residem na cidade invicta.

Alberto de Abreu Ferreira da Cunha faleceu em 22 de maio de 1951, com 93 anos de idade e o seu corpo foi sepultado no cemitério da Vacariça, até à construção, no cemitério de Casal Comba, de um jazigo da família, onde repousam os restos mortais dos Ferreira da Cunha.

Ferreira da Cunha é tido pela população de Casal Comba, ainda hoje, como um homem bom, altruísta e benemérito. Bem-disposto, no fim da sua vida acompanhado pelo Luís ‘Preto’, um santomense que Alberto tinha como um fiel escudeiro que o acompanhava para todo o lado, Ferreira da Cunha mostrou-se como um amigo do seu povo e das suas gentes, dos humildes e dos desafortunados, capaz de fazer o bem e de auxiliar o próximo, um exemplo para as gerações presentes e futuras, que cumpre, hoje, homenagear e exaltar.


in, CANILHO, Nuno Castela - Alma forte com músculos de aço

Breve subsídio sobre ALBERTO D’ABREU FERREIRA DA CUNHA 

3 de março de 1858 – 22 de maio de 1951

2.ª EDIÇÃO REVISTA E AUMENTADA

JULHO DE 2017

Organização do Povo de Casal Comba, em parceria com a Junta de Freguesia e o Rancho de S. João




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